Goa vai ao Porto: Bernardo Ferrão e o congresso na sua homenagem.

Era 2019, mundo pré-pandémico, e a Reitoria da Universidade do Porto, o Círculo Dr. José Figueiredo, o Museu Nacional Soares dos Reis e o CITCEM/FLUP fizeram o generoso convite para palestrar no Congresso Internacional “Bernardo Ferrão e as Artes Decorativas no Oriente e no Mundo”. Os eventos mundiais adiaram o evento que irá agora realizar-se nos próximos dias 24-26 de março.

A minha intervenção leva Goa ao Porto, com uma temática que tenho vindo a habituar quem atenta à minha atividade científica: a produção retabular indo-portuguesa e a sua preservação. Nesta intervenção, no entanto, abordo a história política e cultural e as suas consequências para o presente, e reflito sobre os desafios na implementação de políticas públicas inclusivas para a gestão de patrimónios partilhados na Índia e como a frágil articulação entre decisores políticos e comunidades, que permitiriam limitar as dificuldades de comunidades e zeladores patrimoniais, coloca em perigo o património edificado e imaterial.

Para mais informações: Congresso Internacional “Bernardo Ferrão e as Artes Decorativas no oriente e no Mundo”

Deixo-vos com o resumo da intervenção:

(PT) Em torno da temática da descolonização dos museus, que surgiu pela Europa nos últimos anos, analisamos o caso de Portugal — sendo produto de uma rica sinergia histórica, dotando a produção cultural e artística de um carácter invariavelmente híbrido — são-nos colocadas questões complexas sobre o destino e a preservação de patrimónios partilhados. Analisando a história política e cultural de Portugal e da Índia desde os anos 1940’ até agora, propõe-se publicar um estado da arte sobre a importância patrimonial do património partilhado edificado e integrado na Índia, país que tem adotado políticas de cariz nacionalista contribuindo para a criação de desigualdades com expressões minoritárias. No futuro, uma das mais graves consequências seria a UNESCO desclassificar Velha Goa da sua condição de Património Mundial sendo que a Velha Goa como a conhecemos está prestes a deixar de existir.

(ING) About the decolonization of museums, which has emerged in Europe in recent years, we analyze the case of Portugal – which is the product of a rich historical synergy, endowing cultural and artistic production with an invariably hybrid character – we are asked complex questions about the fate and preservation of shared heritage. Analyzing the political and cultural history of Portugal and India from the 1940s to the present day, it is proposed to publish a state of the art on the patrimonial importance of the shared built and integrated heritage in India, a country that has adopted policies of a nationalist nature, provoking inequalities with minority expressions. In the future, one of the most dire consequences would be for UNESCO to declassify Old Goa from its World Heritage status, for Old Goa as we know it is about to cease to exist.


%d blogueiros gostam disto: